sexta-feira, dezembro 07, 2007


O Mar é a terra da vida!

E todos os Homens são migrantes, desejosos de voltar à sua terra, que querem voltar a olhar a sua terra. Mas o Mar só é Mar porque tem limite e, esse limite é a Terra. O Mar não seria Mar se não existisse Terra.

As Fronteiras sempre foram especiais, sempre foram terras indefinidas, fluídas, quase líquidas, quase irreais. E quanto mais in-humanas, mais atraentes para o Homem-migrante, para o Homem que quer voltar a olhar a sua Terra.

Depois do olhar vem o sentir. O Homem-migrante sente o apelo da fronteira, sente o limes, a linha entre o esquecimento e a memória. E essa linha limite, entre o desejo e a História é fábula, natureza naturante do Homem. Do Homem que vê, do Homem que sente.

Para o fotógrafo-Homem-que-olha-e-que-sente, as arribas são limes, são fronteiras entre o lugar ser e o lugar estar. É luz interpenetrante, não pertence ao Mar, nem à Terra certamente. É o lugar-desejo, onde se capta uma luz, algures entre o estado liquido e o estado sólido. Sim, porque a luz tem um estado físico, um estado que se sente, ou antes, que se pressente.

Na fotografia capta-se o real?

Não, na fotografia sente-se um real, escolhe-se, de acordo com o sentir, a coloração desse real, a forma desse real. E ao escolher estamos a criar...

Sob o olhar do fotógrafo, a luz metamorfoseia o seu estado. A máquina fotográfica, qual crisálida de luz, é instrumento de criação. Fotografar é permanentemente modelar fronteiras, mesmo que essas fronteiras sejam fábulas, arribas, terras e mares... luz!

“Só o contraste destaca o colectivo”
F2.8 COLECTIVO DE FOTOGRAFIA


“(…) Entre estas pessoas, poucas são as que entendem a fotografia no mesmo registo, poucas são as que a utilizam para a mesma função. Mas aqui entra outro conceito comum ao grupo – o respeito – o respeito pelo outro, o respeito por posições e atitudes diversas. Aliás, todos acreditamos numa fotografia complexa, plurifuncional e pluriestésica. No fundo, se os caminhos são diversos, o gosto pela fotografia, por toda a fotografia, esse é comum.”
Do catálogo da Exposição de Fotografia do F2.8 Colectivo de Fotografia
Casa Roque Gameiro, Amadora, Junho/Julho de 2007


O F2.8 Colectivo de Fotografia, sócio Colectivo do Centro Cultural Roque Gameiro, é um projecto multipessoal, na medida em que é sentido por um grupo de 14 pessoas que em comum têm a amizade e o respeito mútuos, para além do gosto da fotografia, que, por acaso, as juntou.

Essencialmente apostámos na diferença. Na diferença de atitudes e linguagens fotográficas. E foi essa diferença, que ao se fundamentar no respeito, cimentou o projecto. A nossa primeira exposição tentou ilustrar estes princípios, mas outras iniciativas estão já em andamento, iniciativas que na sua essência manterão a ideia-chave, que intitula esta exposição – Só o contraste destaca o colectivo!


Aproveitamos ainda para agradecer aos serviços sociais da CGD, a cedência do seu espaço para esta nossa primeira exposição. Quem sabe, um dia voltaremos com outra…

Alzira Maria Avelino
Angélica Valente
António Delicado
Armando Cardoso
Carlos C.
Elsa Mota Gomes
Henrique Oliveira Pires
Jaime Bahia
João Castela Cravo
Jorge Adn Costa
Margarida Araújo
Maria Paula,
Marta Cravo,
Vanda Foster Silva,


“(…) que a nossa fotografia não se esgote no colectivo, mas, também, que o colectivo não se esgote na fotografia.”

Este era o desejo final formulado no texto do catálogo da nossa primeira exposição “Só o contraste destaca o Colectivo”. Agora, passado algum tempo, podemos dizer que esse desejo tem-se realizado. Continuamos a ser um grupo entrelaçado pela fotografia, mas também pela amizade. Um colectivo em que aquilo que nos une continua a ser a diferença, a diferença no entendimento da Fotografia, a diferença na procura de caminhos diversos, mas em que todos eles desembocam no mesmo Mar, como rios, tumultuosos uns, tranquilos outros, convergindo no mesmo querer-ser-estar – a Fotografia.

Sim, não temos um entendimento da fotografia mono-formalista. Não nos preenche um caminho, mesmo que muito bem calcetado, onde todos tenham que andar da mesma maneira. Preferimos as veredas, mesmo mais difíceis de calcorrear, desde que todas concorram para uma Fotografia poli-formal, poli-estética.

O acolhimento à nossa primeira exposição (patente na Casa Roque Gameiro, na Amadora e na Sede da Caixa Geral de Depósitos, em Lisboa), deu-nos ânimo para continuar a trilhar as nossas veredas, para continuar a fazer e a mostrar as nossas fotografias. Para além desta, outras exposições já estão em projecto, outras coisas estão em mente. Afinal, a Fotografia, entendida sobretudo como criação, é sobretudo isso, uma actividade mental ligada á mão – em consequência, Arte!

F2.8, Colectivo de Fotografia
Sócio Colectivo do Centro Cultural Roque Gameiro
Novembro de 2007


F2.8 Colectivo de Fotografia


A fotografia aproximou-nos, a amizade entrelaçou-nos.

Quase todos andámos pelo extinto site foto.pt e assistimos ao arranque extraordinário do gosto amador (na plenitude exemplar do termo) pela fotografia em Portugal. Quase todos nos reencontrámos no site 1000imagens.com, onde se consolidou uma amizade, assente assumidamente na diferença. Não nas diferenças pessoais, que essas pouco importam, mas nas diferenças de linguagem fotográfica. Entre estas pessoas, poucas são as que entendem a fotografia no mesmo registo, poucas são as que a utilizam para a mesma função. Mas aqui entra outro conceito comum ao grupo – o respeito – o respeito pelo outro, o respeito por posições e atitudes diversas. Aliás, todos acreditamos numa fotografia complexa, plurifuncional e pluriestésica. No fundo, se os caminhos são diversos, o gosto pela fotografia, por toda a fotografia, esse é comum.

Também quase todos nós, depois da partilha de trabalhos na internet, tentámos outras formas de mostrar a nossa fotografia (afinal ela é, em primeiro lugar, comunicação). Exposições colectivas e individuais, publicação em revistas, sendo também verdade que alguns já o faziam, antes do despertar da fotografia digital, no tempo exclusivo da fotografia analógica pura e dura, no tempo dos laboratórios, dos cheiros acres a reveladores e fixadores. Chegámos então a um momento, em que partimos da ideia que, depois de um caminho mais solitário, é desejável e necessária a companhia de outros no desenvolvimento de um projecto comum. E nasceu o F2.8 Colectivo de Fotografia. Um projecto, quase um desejo, que mais tarde veio a merecer o apoio do Centro Cultural Roque Gameiro, associação da qual o F2.8 se tornou sócio colectivo.

Esta é a nossa primeira exposição, sujeita ao tema que afinal é a nossa essência, o colectivo. Mas outras exposições já fervilham nos nossos projectos, bem como diferentes actividades fotográficas.

E a terminar, um desejo: que a nossa fotografia não se esgote no colectivo, mas, também, que o colectivo não se esgote na fotografia.

Arribas - Paisagens, Geologia, Fauna e Flora




“Arribas “ – Paisagens, Geologia, Fauna e Flora, é o título da exposição de fotografia do f2.8 – Colectivo de Fotografia, que irá estar presente no Museu Nacional de História Natural da Universidade de Lisboa, na Rua da Escola Politécnica nº. 58 em Lisboa, de 30 de Novembro até 28 de Dezembro.

O 'f2.8' é constituído por um grupo de autores que têm por objectivo primordial potenciar e dinamizar experiências individuais e colectivas no campo da fotografia, numa diversidade de temas, de estilos e de abordagens fotográficas.

A exposição, que decorre de uma parceria celebrada entre o f2.8 CF e o Museu Nacional de História Natural, pode ser visitada de Terça a Sexta, das 10 às 17 horas e aos Sábados e Domingos das 11 às 18 horas. Encerra às Segundas e Feriados.

Web Counter