As cidades invisíveis (tornar visíveis as cidades invisíveis)
É o humor de quem a
olha que dá à cidade (…) a sua forma. Se passarmos por ela a assobiar, de nariz
no ar atrás do assobio, conhecê-la-emos de baixo para cima: sacadas, tendas a
ondular, repuxos. Se caminharmos através dela de queixo contra o peito, com as
unhas espetadas nas palmas das mãos, os nossos olhares prender-se-ão ao chão,
aos regos de água, aos esgotos, às tripas de peixe, ao papel velho. Não se pode
dizer que um aspecto da cidade seja mais verdadeiro que o outro (…).
In Italo Calvino, 1994 (1990). As Cidades Invisíveis,
Lisboa: Teorema. p.68.
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